quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Ah! O Sol


Ah! O Sol! Querido astro rei que pode aquecer, mas também queimar. Que anda insistente a dizer que a vida é feita de luz, mesmo quando não se pode ver - ela, a luz, está presente, quente dentro de nós a nos manter vivos aqui agora neste mundo e noutro lugar. Vós sois a luz do mundo  disse ele há tanto tempo, somos luz, é verdade, e todos os dias, o sol esse círculo  dourado reluzente que brilha no azul do céu continua a nos dizer, a nos convidar a brilhar nossa luz assim como ele o faz.
                      
                                                              BCC
20.12.2018

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Presente na vida


Eu ouço minha respiração, sinto arrepio no corpo - cada pelo se levantando,  como se, desde os pés subindo pelas pernas chegando ao tronco, aos braços, uma onda viesse passando me mostrando que eu estou viva que eu estou aqui, agora, presente, na vida.

Ainda que eu não a  entenda - à vida - ela está aqui em mim, em cada parte do meu ser, em cada poro acordado em alerta, em cada som que ouço próximo e distante de mim, ela está aqui presente no ir e vir de meus pulmões, no toque sutil de meu corpo deitado na cama.

Ele está aqui na batida suave de meu coração, no ar que entra e sai de mim, nas palavras que simplesmente se ajustam numa ordem própria e única em minha mente. A vida está aqui agora, insistindo em me dizer sobre sua presença. E eu a amo por isso.

BCC
04.12.2018

sábado, 1 de dezembro de 2018

Reencontro


Hoje me reencontrei comigo, com meus textos, com minha alma.

À bem da verdade nunca estivemos de fato rompidas, mas estávamos ausentes. Esse mês que passou, passou como nunca antes, foi difícil, duro, úmido, mas passou, está passando.

E saio dele diferente, saio dele ainda com algumas feridas cicatrizando, com alguns espaços abertos e vazios, saio dele, também, mais dona de mim, mais fortalecida, porque se cair dói, levantar dói mais ainda.

E estou levantando.

Saio agradecida - pelo apoio, pelo carinho e amor dos amigos de lá e de cá. Saio agradecida por quem sou e pela luta que tive de lutar, ela me foi necessária, e se ainda há arestas, e, sei que elas ainda existem mesmo que em menor quantidade, me sinto hoje um pouco mais forte para lidar com isso.

Saio diferente sem tantas respostas como gostaria, mas com mais aceitação e serenidade de não as ter.

Confia na sabedoria da tua alma, disseram-me.

Confiança e fé.
Amor e coragem.
Aceitação e paz.

Seguindo em frente com gratidão.

BCC
01.12.2018

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Repetindo o milagre


Eu amo o amanhecer e o anoitecer.

Amo o acordar e o adormecer.

São pequenos milagres diários que ocorrem a todos sem exceção durante toda a vida na Terra.

Perder-se no sono, abandonando-se a si mesmo para adentrar em outra dimensão e voltar, voltar quantas vezes forem necessárias, voltar e despertar diariamente para vida nova que não cessa de se repetir sem nunca deixar de ser novidade instantânea a cada segundo diferente do anterior.

Há quem considere os dias iguais e há quem faça diferença entre os dias, já dizia Paulo há quase dois mil anos.

Os dias, não obstante, continuam a amanhecer e anoitecer e nós continuamos a adormecer e a despertar diária e incessantemente, repetindo o milagre.

Simplesmente repetindo o milagre.

BCC 
14.09.2018

terça-feira, 11 de setembro de 2018

O cavalo sem nome



Um cavalo pisou no meu pé.
E foi o cavalo que mais amei na vida. Eu nunca tive contatos estreitos com cavalos, é verdade, mas o que me aconteceu com ele, com aquele cavalo cujo nome nunca saberei se é que ele tem um nome - para quê nomes diante de atos e afetos?- foi me tão  surpreendente que custei a acreditar.
A verdade é que o que nos aconteceu foi como um amor a primeira vista, a vista dele, confesso. Não havia reparado especificamente nele até que ele o tivesse feito comigo.
Entrei no lugar que eles estavam com ela, e ela tem toda uma história com eles, os cavalos, eu, não.
Sempre os admirei, admito, mas de longe, é possível contar nos dedos quantas vezes me aproximei de cavalos reais.
Acho lindo a liberdade da corrida dos cavalos selvagens, quando vemos naqueles programas de animais, aqueles seres magníficos enormes correndo apenas porque correr faz parte de sua natureza. Já dizia o poeta, os cavalos são os bichos mais perfeitos que existem simplesmente por serem cavalos.
Concordo com isso.
Mas os cavalos domesticados, esses que as pessoas montam nunca me chamaram tanta atenção, os acho tão perfeitos para estarem submetidos a nossa pequenez humana... enfim, não tinha proximidade alguma com tais seres incríveis, apesar de realmente os considerar belos milagres da criação.
Acontece que quando entramos no cercado, ela foi falar oi para eles e eu, mais tímida fiquei próxima a porteira, esperando alguma confiança aparecer de algum lugar em mim. A confiança não veio antes dele me alcançar, de longe onde estava, ele veio certeiro em minha direção, se mostrou para mim, me amou e me incitou a amá-lo, era impossível não fazê-lo.
Andei pelo cercadinho e ele me seguiu, veio com tanto amor que pisou em meu pé. Nunca havia amado um cavalo, nunca havia sentido a dor do amor, e como doeu. Meu pé ficou latejando, lagrimas involuntárias saltaram de meus olhos e eu não podia fazer outra coisa se não amá-lo ainda mais.
Ele queria carinho, queria ficar perto, talvez comer, talvez ir embora, eu não sei, mas ele ficou por perto, ele pediu carinho, ele doou amor.
Quando fomos embora, ele foi até a porteira e bateu sua pata no portão, voltamos, é claro, e o amamos mais um pouquinho.
Nunca irei esquecer o dia em que o cavalo pisou no meu pé. O cavalo sem nome que eu mais amei na vida.
BCC 
11.09.2018 
sobre domingo 09.09.2018

quarta-feira, 30 de maio de 2018

A inexistência do tempo



O tempo não para de passar

Os segundos vão

um por um

se esvaindo de nossas mãos

quem foi que inventou isso de contar o tempo?

O que é o tempo se não algo que não se explica?

Algo que não existe

E que não existindo é mais real do que se existisse


BCC

30.05.2018


sexta-feira, 25 de maio de 2018

Sobre domingo


No meio de tanta coisa linda
Você me apareceu e fez meu coração chegar a boca e sorrir
Um calor tomou imediatamente conta de mim
E minha pele não pôde fazer outra coisa que não ficar da cor de meu coração
Quem é ela? Me perguntaram
Quem é ela que com seu toque firme, seu lindo sorriso e seu olhar penetrante me surpreendeu no meio de tanta gente linda? No meio de tanto amor, ela apareceu e me fez amá-la

BCC 
20.05.2018

domingo, 6 de maio de 2018

ORAÇÃO



E sigo confiante e firme

Para que cada vez menos momentos de sofrimento e angústia possam me assolar

Eu sei que eles ainda hão de voltar vez ou outra

Não sou perfeita afinal

Mas que sejam menos frequentes e que quando vierem sejam menos intensos

E que eu saiba deixá-los passar sem me apegar a eles, que durem o tempo mínimo necessário

E que eu possa me fortalecer com eles

Seguindo confiante, serena, certa do poder do amor

Que tudo cura

Que tudo ama

Que está em mim

E em todos

E que é a maior força do universo



Que assim seja hoje e sempre


BCC

06.05.2018

Tudo passa




E aí de repente tudo fica claro

Não que a dor tenha sumido de uma hora para a outra, ela está aqui ainda repousando em meu peito

Mas o desespero, as lágrimas e o sofrimento desaparecem tão logo eu permita que saiam, é necessário chorar, achar que tudo vai acabar

Tudo acaba mesmo, inclusive a angústia

E depois do choro, da tempestade vem a calmaria

E o universo me brinda com a serenidade e certeza de que tudo passa

De que tudo se resolve, isso também se resolverá

Confia – ele me diz

Entrega

Aceita

Agradece

Tudo passa

BCC

05.05.2018

Preciso do sangue tanto quanto preciso do ar



Enquanto escrevo sinto cheiro de sangue, mas não posso parar, preciso escrever

Tão logo termino olho para minhas pernas e vejo o sangue escorrendo por entre elas

É o feminino que sou

Se expandindo para fora de meu corpo

É minha força sagrada pulsando e me lembrando de minha força feminina

Me lembrando que sou mulher

Que estou viva

Que a vida corre em mim feito o mais cheiroso e vermelho dos sangues


BCC

05.05.2018

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Sê como as árvores


Sê como as árvores, finque suas raízes no chão, segure bem forte a terra em baixo de seus pés, se mantenha firme onde ninguém pode ver, onde só você pode sentir e sinta, sinta a terra te sustentando, sinta a força vital, a energia materna do solo fértil e se fortaleça, sempre.

Erga, ao mesmo tempo, seus braços e seu espírito ao céus. Como as árvores, projete seus galhos o mais alto que puder, sinta o calor do sol, o frescor da chuva, a brisa do vento. Deixe seus pensamentos voarem assim como as folhas das árvores, deixe voar...

E esteja pronto, pronto para estar e para ir, dê frutos, ajude ao mundo, mas,sobretudo, lembre-se de se ajudar que a terra e o céu também te ajudarão.
BCC
23.04.2018

sábado, 21 de abril de 2018

No fundo da mar






Eu não sabia o que fazer, então fiz o que mais sei – escrevi –
e isso me fez completamente bem.

Meu desejo era o de mergulhar o mais fundo que eu pudesse e nas profundezas de meu ser e, talvez, também do seu, encontrar algo que desconheço e que necessito. Algo que quero sem saber porquê, sem saber o quê.

Queria mergulhar tão intensa e profundamente e me sentir completa e rodeada do mar que as águas tomariam todo meu ser e que tudo seria eu e você.

Mas não posso, não agora, agora preciso de ar, preciso voltar a superfície para respirar. Preciso nadar para cima e ver o céu, ah! O céu, meu refúgio ao lado do mar. Preciso de ar, preciso que a luz do Sol me aqueça a alma, me abrace e diga que está tudo bem – eu sei que está – mas preciso da luz dourada a me reconfortar.

Sentir o ar entrando em meus pulmões, me dando fôlego para lutar, para viver, para encontrar o que tem para mim no fundo do mar.

BCC

21.04.2018

quarta-feira, 21 de março de 2018

Ah!C

Pequeno prólogo

Estou ouvindo, nesses dias, a belíssima música Ilusion escrita por Julieta Venegas e adaptada por Arnaldo Antunes e Marisa Monte, na linda versão cantada por Julieta e Marisa. E lembrei-me desse texto que escrevi há quase três anos e que revisei hoje. Entendedores, entenderão.

Ah! C

Ela sempre exerceu sobre mim uma atração. No início gostava dela porque gostava. Sua voz e sua figura me atraíam de alguma maneira inexplicável.

Sempre que a ouvia aquela sensação de gostar voltava, com o tempo passei a gostar mais – era uma atração estranha, nova, diferente. Foi ela a primeira a povoar a minha imaginação com desejos secretos. Desejos que não sabiam se eram meus. Com ela conversei, passeei, descobri um novo mundo, uma nova forma de ver. Tudo isso em meu coração.

Ela abriu portas para novas histórias e personagens, novas sensações e novos sentimentos. Tudo muito misturado, complexo, irreal. A curiosidade só fez crescer e com ela a busca, a procura, a frustração da imaginação, do mundo fantasioso que tanto ensina, mas que nunca existe.

Como pensar e sentir alguém sem nunca a ter conhecido? Imagina-se, pois, mas até que ponto? Até que ponto a imagem sequer lembra a verdade?

Qual a tua verdade? Me pergunto. Qual a minha verdade?

Ela sempre exerceu sobre mim uma atração. O porquê não saberia dizer. Pode ser que sintam o mesmo em algum lugar, sempre pensamos que o que sentimos é único, mas de uma forma ou de outra sentimos parecido.

E o que sinto por ela não é uma idolatria como a de muitos, sinto vontade de conhecê-la como ser humano, de conversar com ela, olhar em seus olhos, saber se poderíamos ter amizade. Sinto já, de qualquer forma, um grande afeto por ela e não sei muito bem o porquê. Não é um afeto apaixonado pela pessoa que ela é e que não conheço. Sinto um carinho por seu ser por alguma razão que desconheço.

Pode parecer ingenuidade a minha, eu sei, mas gostaria de saber, conhecendo-a, se essa atração e esse carinho tem razão de ser. Não sei se um dia eu hei de descobrir ou se a ilusão irá embora para sempre e apenas a memória de algo que poderia ter sido e não foi restará, pode ser que um dia a conheça e que nada disso seja real, pode ser que nunca chegue de fato a conhecê-la de verdade, e pode ser que...

Não sei, só o tempo dirá, enquanto isso, as dúvidas e o carinho pairam no ar, feito a poesia pensada que arredia não se deixou copiar, que vive solta, voando à espera do momento certo de pousar.

BCC
Dez./2015, revisitado e revisado em Março/2018

quinta-feira, 15 de março de 2018

Dos sustos o menor



A mim não importava que a porta batesse, seria um barulhão, é verdade, mas nada demais. Mas a ela, minha Nalinha, deitada esparramada no chão do quarto, dormindo acordada preguiçosamente, a ela o barulho seria terrível, consigo vê-la pulando e quase alcançando o céu, por muito menos ela se assusta e salta exageradamente de onde dorme. A ela o susto seria formidável, então quando vejo a porta se movendo em direção ao batente com o vento incentivando seu movimento rápido e preciso, salto meio sem jeito da cama e corro para evitar o inevitável. Nala me olha um pouco assustada, mas não a ponto de se levantar de seu caprichoso descanso, olha-me nos olhos como que perguntando “o que foi? Preciso me exaltar? O que foi Bubu?”. Não tenho tempo de responder, chego a porta quase a ponto de não evitar seu sobressalto, mas consigo! A porta não bate,  e Nala está a salvo de um grande susto, deitava estava deitada continuou, abaixo-me agora livre de perigos, e faço um carinho em seu corpinho macio, ela relaxa ainda mais e ensaia fechar os olhos, o pequeno susto de me ver levantar correndo e o meu esforço até a porta valeram a pena, a pequena preserva sua paz – dos sustos o menor.

BCC
15.03.2018


segunda-feira, 12 de março de 2018

Chuva


Essa chuva era tudo o que eu precisava. E ela, a chuva, também precisava chover, desesperadamente, ela precisava chover.

E suas gotas vinham de todas as direções e corriam e se trombavam no ar. Nunca havia visto tanta urgência por chover.

Em poucos minutos, tudo que se ouvia era sua voz acompanhada do grito suave e persistente do vento - há tempos que não se encontravam, estavam a pôr a conversa em dia.

Tudo ficou líquido e em movimento, as árvores adoraram, dançavam agradecendo a água que caía do céu, mas a chuva chovia tanto e com tanta urgência que não reparou nelas, não reparou na mulher que estava na piscina, nos homens trabalhando na obra, no cachorro de rua que apressado foi em busca de um abrigo.

Não reparou em mim que olhando da janela com minha alma em mãos me deslumbrava com o espetáculo urgente que de repente se fez como a única realidade .

Como a realidade que faltava. Nada mais existia e tampouco importava, só a chuva que chovia, forte, apressada, intensa, certa de que tinha de chover aqui agora presente como só a natureza pode ser.

BCC
12.03.2018

sábado, 3 de março de 2018

Ah! A esperança!


Ah! A esperança! Anda de mãos dadas com a liberdade, com a fé com o vento e o céu!
A esperança faz voar, faz sorrir, faz acreditar
Que o vento há de nos levar ao céu mais distante e íntimo
Ao nosso céu
Aqui dentro, lá fora, em todo lugar
Tudo nos é nosso
E nós somos tudo o que há
BCC
03.03.2018

sábado, 24 de fevereiro de 2018


A grande sacada é essa conexão intrínseca entre o eu e outro. Não é um desafio amar o outro como a si mesmo. É uma realidade. Estamos todos tão intimamente ligados. Fazer bem ao próximo é fazer bem a si mesmo e vice-versa. O problema é a nossa não compreensão dessa realidade que se faz presente, para nós, apenas em pequenos momentos. Ainda bem que, pelo menos, existem esses momentos.
BCC

Ela é linda e sabe disso


Ela é linda e sabe disso. Tem em si uma sensualidade à flor da pele que exala frescor e vida por onde passa. Seu sorriso é lindo, seus ideais são os melhores,ao vê-la sente-se a vontade de tirar os sapatos, de pisar com pé no chão, de sentar como criança com as pernas para cima e dançar ao som do vento.

Ela é linda e sabe disso, sorri sem medo, mostrando a alma devagar, sem pressa aproveitando o instante em que a vida acontece.
BCC
24.02.2018

domingo, 18 de fevereiro de 2018

O velho vestido azul desbotado


O velho vestido azul desbotado era um de seus preferidos, mas estava tão surrado pelo tempo que ela apenas o usava em casa ou numa volta até a esquina...

Havia o comprado há anos numa loja de roupas indianas, dessas que existem nos populares centros de comércio das grandes cidades. Era lindo ele, caía perfeitamente em seu corpo de menina mulher, ela ainda gosta muito, usa-o agora mais livremente, às vezes sem nada por baixo.

E numa preguiçosa tarde de domingo cinzento, ela está deitada com ele depois de ler e de entrar, com o celular, em outra realidade, realidade de gente que existe, mas que parece não existir, não aqui não agora... depois de imaginar histórias inspiradas na trama fantasiosa de sua leitura, ela olha para o silêncio do quarto e o vê a ele, o vestido azul desbotado que ela tanto gosta.

Por que não olhar para ele de um jeito novo? Ela sempre gostou de experimentar novas visões, novos pontos de vista, olhou-o através da câmera e gostou do que viu, gostou do velho vestido azul desbotado em seu corpo, na lente de sua câmera, nas palavras de seu texto.
BCC 
18.02.2017

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Fragmentos IV


III.

Às vezes batia um vazio repleto de sentimentos em meu peito.
Era uma sensação estranha, como se eu amasse sem alguém para amar, como se sentisse saudades sem saber de quem.
Eu tinha muito amor, é verdade, amor pela vida, pela natureza, pela arte, pela poesia. O amor inundava minha alma e me elevava aos céus. Ainda assim, às vezes, o vazio passava por aqui, não permanecia por muito tempo, mas ficava o suficiente para me inquietar.
Eu sabia sentir o amor de outras pessoas, o amor inventado, escrito, cantado, mas será que não havia um amor para mim?
Tudo é amor, dizia minha alma me lembrando do quão privilegiada eu era. Eu sei, lhe respondia, sei e sou infinitamente grata em ser quem sou, em viver como vivo, com quem vivo.
De quando em vez, no entanto, a pergunta sem resposta voltava e meu coração desassossegava: será que não havia um amor para mim?
BCC

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Fragmentos III


Não tinha dúvidas no meu mundo. Eu sabia o que era, o que queria.
Mas quando saía dele, quando ia para o outro lado mesmo que por instantes, as perguntas invadiam minha mente, e então, eu pensava sobre elas, pensava, pensava até me afogar nos meus próprios pensamentos.
Eu tinha então de voltar para o meu mundo, tinha de respirar, tinha de salvar-me de mim mesma.

BCC

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Fragmentos II


I.

Ele era delicado, característica que poucos admiram e muitos julgam negativamente. Mas a mim isso não incomodava, pelo contrário eu apreciava muito seu jeito, é claro que entre nós não poderia ocorrer nada além de um beijo, e não aconteceu.

Ele era especial, porém, não por esse ou por outro motivo, mas porque gostava da arte e mais do que isso a entendia.

Entendia, assim a mim, privilégio esse, concebido a poucos.

Muitas vezes eu mostrava para ele meus escritos, muitas vezes cantávamos e dançávamos juntos.

Sim, ele era especial, conseguia enxergar o que muitos não conseguiam, o que eu mesma não conseguia.

Conseguia enxergar, enxergar o meu coração.
BCC

Continua...

sábado, 27 de janeiro de 2018

Um passarinho pousou em minha janela


Um passarinho pousou em minha janela, agora. Foi um ínfimo de segundo, mas foi uma adorável surpresa, estava escrevendo, viajando em um outro mundo quando o ouvi, um piar doce e pertinho, pertinho, levantei a cabeça e olhei e lá ele voou, acho que era bem-te-vi ou a sua versão miniatura, vi o peito amarelo de relance. Fiquei extasiada, um passarinho pousou em minha janela, poderia haver um presente mais belo para essa tarde de sábado?

Dá até vontade de chorar, o que confesso não é difícil para mim, sou um oceano inteiro de lágrimas, mas é tão lindo isso, é tão lindo, tão simples e até mesmo banal, pássaros pousam em diversos lugares em diversos momentos, mas eu nunca havia visto um aqui assim tão pertinho, eles vem na varanda de vez em quando, bebem água e às vezes até fazem cocô em nossa grade, mas sua bela presença na minha janela, isso nunca, não até hoje.

Eu mesma se fosse pássaro iria pensar mil vezes antes de pousar na janela de um ser humano, infelizmente não se pode confiar em qualquer um. Aqui ele estaria seguro, se tivesse ficado um pouco mais, jamais me aproximaria, talvez, é verdade tentaria tirar uma foto, de longe mesmo, mas pensando agora, por que faria isso? Para captar a beleza do momento? Ou só por tirar foto, porque tirar fotos hoje parece ser uma mania universal?


Não, não quereria tirar foto do passarinho na minha janela. Capto a beleza do momento com meu coração que bateu mais rápido ao ouvi-lo e vê-lo tão pertinho, capto a beleza do momento com minhas palavras que ecoaram rapidamente de minha alma para o computador (já estava a escrever mesmo, não é?), capto e guardo a beleza do momento, da vida, do doce piar de um bem-te-vi em minha alma que se regozija com a simplicidade e a beleza do mundo e da natureza.

BCC
27.01.2018

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Fragmentos



“ O sistema de numeração romano é muito bom, não fosse pela ausência do zero. Os romanos não possuíam o sinal para o zero, porque não precisavam representar o nada...”


0.
Eu era tudo o que precisava ser. Reinventava, redefinia coisas com as quais não concordava, eu acreditava em tudo que queria acreditar. Eu era dona da verdade, da minha verdade.
Eu fazia apenas o que desejava, ficava perto do que me agradava.
Eu era feliz.
Eu tinha meu mundo e faziam parte dele apenas quem eu permitisse.
Eu era tudo.
Tudo que eu queria ser:
Eu era a arte
Eu era a poesia
A música
A dança.
Eu era o céu, a noite
A lua
A estrela
Eu era a estrela, a estrela que mais brilhava.



Mas um dia o meu mundo acabou.
Acabou como um momento que jamais voltará.
Acabou como a vida que não acontecerá novamente.
Acabou como uma palavra não dita e que jamais será pronunciada.
E eu sem meu mundo era nada.
Sentia um vazio tão grande
Um vazio que nem mesmo as lágrimas puderam preencher
Eu era nada
Não tinha nada
Foi aí que eu morri.
Morri.
Não havia outra solução
Era uma alma vagando por um mundo que não me pertencia, habitava um corpo que meu espirito não reconhecia, derramava lágrimas que meus olhos não desejavam.
Eu tremia.
Sentia frio, independente de como o mundo estivesse.
Não controlava meus movimentos, minha respiração falhava.
Tudo em mim não era meu.
Eu não tinha nada
Eu nada era.
Meu mundo agora não passava de lembranças
Minha felicidade era passado
A arte nada me dizia
E as estrelas...
Ah, as estrelas não passavam de astros nos céus.

BCC


continua...

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Você reparou na lua?

E é sempre assim, nestes dias minha mente insiste em me acordar antes do despertador e eu, com sono, obedeço. Daí faço tudo o que preciso fazer, serena, sem pressa, agradecendo a dádiva de estar viva.
E de repente em um segundo qualquer, um preciso segundo qualquer, o tempo começa a voar, e tenho que também eu voar com ele.
É engraçado isso, acho que deve ser no instante em que o sol aparece com sua força radiante dizendo para noite que ela acabou, que a escuridão terminou por hoje, por enquanto.
O sol deve aparecer, dar um beijo na lua, insistir para que ela e apenas ela fique no céu com ele. Ao que ela doce, mas firme recusa, não meu amor, diz, eu não posso ficar, não fico sem a noite, não fico num céu que não seja negro, não posso viver sem a escuridão, te amo, mas não posso ficar.
E a cada instante, seu brilho vai diminuindo e ela vai sumindo, desaparecendo... Se preparando para brilhar em outra noite, em outra realidade...
O sol resignado e forte continua sua saga de iluminar o dia clareando o céu que impede sua lua de ficar.

PS.: sobre a foto - você reparou na lua?
BCC 
10.01.2018

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Confiança, amizade e amor

Estudo sobre subcapitulo do livro Sentimento: a força do espírito
Quando me pediram para falar sobre a última parte do livro Sentimento: a força do espírito em que estavam os sentimentos de confiança, amizade e amor imediatamente, antes mesmo de ler, me lembrei de Jesus, quem se não ele seria o melhor exemplo desses sentimentos?
Depois de lido, continuei firme na imagem do mestre, queria de alguma forma trazer seu exemplo para retratar esses sentimentos tão belos e nobres, mas não sabia muito bem como fazê-lo, pensei em trazer uma imagem de Jesus e relacioná-la aos sentimentos, ou quem sabe procurar em seu evangelho passagens que retratassem confiança, amizade e amor, mas acabei desistindo dessas ideias – elas não estavam se encaixando com o que eu precisava falar.
O que eu queria e vou tentar fazer é, com base no livro, mostrar como Jesus exemplificou em suas ações e falas a beleza da vivencia desses três sentimentos – é claro que este é um estudo parcial e não poderia ser diferente (não para o momento), não me detive em todo o evangelho, estudando a fundo tudo o que há de importante ali, isto daria um trabalho de anos. Fiz, nesse sentido, escolhas (como sempre fazemos em nossa vida).
Comecemos, pois, pela confiança, o primeiro destes sentimentos que me foi destinado (literalmente!). “A confiança é a conduta que o pensamento impõe pela força do conhecimento” (p.97), sobre essa frase tão curta e objetiva, poderíamos nós escrever um livro. A epígrafe de “O Evangelho segundo o Espiritismo” diz “fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da humanidade”, isto é, o espiritismo preconiza a fé raciocinada. É mister que acreditemos, que confiemos, que tenhamos fé, mas não uma fé cega incapaz de questionar. A medida que conhecemos, mais estrutura temos para confiar, por isso que a confiança é uma conduta de pensamento que existe pela força do conhecimento – “A confiança é uma conquista salutar adquirida pela incorporação dos conteúdos conhecidos como verdade” e mais, “A estrutura básica da confiança está na força do conhecimento” (p.97).
É importante ressaltar essa relação intrínseca entre conhecimento e confiança/fé, porque usualmente se prega que quem acredita ou confia o faz baseado em nada, “confia porque confia” e não porque conhece, isso me remete a uma frase que ouvi já há algum tempo, mas que nunca me esquecerei “pouca filosofia nos afasta de Deus, muita filosofia traz Deus de volta”, ainda que troquemos filosofia por ciência como é a frase original de Louis Pasteur que possivelmente originou a que ouvi, temos o mesmo efeito, isto é, quando conhecemos pouco fica difícil de acreditar de confiar, como pode, por exemplo, haver tanta miséria e crueldade e ainda pregarem um Deus de amor? No entanto, quando nos aprofundamos no estudo, no conhecimento do evangelho quando nos questionamos para além da superfície, percebemos que vale sim acreditar, ter fé – “a confiança oferece segurança ao Espírito, certeza para lutar pelos fins claros e objetivos”, “crer é lutar, é transformar os espaços vazios em formas preenchidas pelo valor dos bons sentimentos. O Espirito só evolui quando confia em Deus, nas suas diretrizes e nas leis que regem a vida. Sem a confiança, o pensamento não pode se definir e nem se direcionar” (p.98).
Mas e Jesus? Como ele entra nesta história de confiança? Ao olharmos atentamente para o novo evangelho, encontramos muitas passagens que ele nos inspira a confiar - nele e em Deus, pai maior que nos criou a todos nós. Não obstante, não é apenas sobre essa inspiração de confiança que gostaria de falar aqui, gostaria de trazê-lo como exemplo desse sentimento, como havia dito anteriormente, Jesus como exemplo de confiança, como Espírito que confia e confiou porque conhece, porque sabe.
Que exemplo maior poderíamos ter de fé e de confiança no Pai maior, no amor divino e na certeza da nossa perfectibilidade do que a de Jesus que encarnou aqui conosco para nos ensinar a amar? Que fé é essa desse Espírito que se conformou num denso corpo material, que veio amar e ensinar e que sofreu tanto por isso? Que fé é essa que sabia de nossa ignorância e que apostou e aposta em nós ainda e sempre? É uma fé de quem sabe. Sabe que o amor divino é a causa de tudo, sabe que assim como ele, somos filhos desse amor e que um dia teremos consciência disso. Jesus é nosso maior exemplo de fé e de sabedoria, ele nos mostrou e nos mostra até hoje o quanto o conhecimento eleva nossa confiança.
O segundo sentimento sobre o qual devo falar é a amizade, quando damos aula para nossas crianças pequenas dizemos a elas que Jesus é nosso irmão mais velho, nosso amigo. Torcemos para que desde pequeninhas elas possam construir essa relação de proximidade com ele, porque muitas vezes não é o que aconteceu com nós adultos – às vezes demoramos muito a entender que Jesus não é uma figura distante, um santo preso em uma cruz, um coitadinho que é apresentado como sofredor, também Jesus não é Deus, já diziam os espíritos a Kardec e a nós outros, “não confundam o criador com sua obra”. Falamos, pois, para os pequenos que Jesus é nosso irmão amigo, e sinceramente é assim que o sinto.  
A amizade é um sentimento em que estão envolvidos “a simpatia e as conquistas da estima, do respeito e da consideração [...] os componentes vibratórios do amor, da sinceridade e da confiança” (p.98).  A amizade “é o resultado de uma convivência ao longo de muitos anos e até mesmo por várias existências [...] nessa relação sempre há o respeito somado à honestidade, uma relação mútua estabelecida com sinceridade e confiança. A amizade pede companheirismo e troca de vibrações, estabelecendo vínculos de amor e de solidariedade” (p.98 /99).
Não há dúvidas aqui de que Jesus foi e sempre será nosso amigo – “O amigo é o irmão que nos aceita como somos e nos alegra com os nobres sentimentos armazenados em seu Espírito” (p.99), Jesus nos concedeu sua amizade ao acreditar em nós despretensiosamente e de forma leal, ao nos aceitar como somos, ao nos amar de forma sincera, ao nos deixar “reservas vibratórias [...] que se transformam em alimento contínuo” (p.99). Em sua amizade (e na amizade de forma geral) “não há falsos interesses e nem sentimento de ciúme que geram cobranças e apego. O amigo direciona para o outro intensas vibrações de amparo e de ajuda” (p.99). Sim, Jesus é nosso amigo, e nós, somos seus amigos? Somos amigos entre nós?
O último e mais belo sentimento é o amor, e, aqui, com toda certeza poderíamos nos deter por muito e muito tempo. As últimas cinco páginas de meu livro que tratam sobre o amor estão praticamente todas grifadas, mais uma vez, portanto, precisei selecionar algumas questões, muito embora todas valham reflexão.
No livro “O Evangelho segundo o Espiritismo” encontramos que o amor resume a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, o amor é, não no sentido vulgar do termo, este que muitas vezes ainda utilizamos, “o sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre humanas” (cap. XI).
Encontramos que o amor é “o que modifica toda estrutura enérgica do Espírito. O amor muda as vibrações mentais, a forma de sentir e perceber o outro. Ninguém cresce sem amar. Só o amor dá o verdadeiro sentido da vida” (p.100). Por meio do amor atraímos luz em nossa consciência que assim se harmoniza cada vez mais com o bem, esse sentimento maior nutre o Espírito de renovadas vibrações e é a “energia imantadora de atração e ligação entre todos os seres da criação” (p. 100).
Todavia, o percurso até que possamos nos sentir alimentados plenamente pelo amor maior é ainda longo para nós, a expansão energética proporcionada por esse nobre sentimento pede tempo e grande esforço. O tempo de se renovar, no entanto, chega para todos mais ou menos rápido de acordo com nossas histórias, experiências, vontade e esforço. O amor verdadeiramente sentido junto com conhecimento íntimo dos princípios que norteiam a vida do Espírito proporcionam a oportunidade de transformação de marcas e erros que, antes, ignorantes, retivemos em nossa memória.
Mas como vencer a sombra sem procurar a luz, nos advertem os autores; “a caridade abre oportunidades construtoras [...] ninguém chega ao amor se não tiver a clarividência de sentir a necessidade do outro, seu irmão” (p.101). Ao vivermos para o amor, renovamos nossas energias, ampliando as vibrações e multiplicando as ações de vontade, dessa forma com inteligência operosa e amor podemos mais facilmente (ainda que com certas dificuldades) chegar ao entendimento da vida e do outro, estabelecendo com ele novos vínculos de afeto e energias positivas, isso nos traz equilíbrio e paz, além de, aumentado o padrão vibratório, podermos nos manter em harmonia, confiança, fé para seguirmos nosso caminho evolutivo.
“O amor é a partícula de Deus que, dia a dia, acontece em nossa intimidade”, é esse sentimento que nos fortalece e que supera a dificuldade das energias doentes, resplandecendo em nossa construção íntima, proporcionando alegria, “viver em plenitude é alcançar os páramos sublimes desse sentimento. Ele varia de Espírito para Espírito, de forma que os atos se transformam no reflexo desse sentimento” (p.102).
“O amor alimenta e liberta. Sustenta e ampara. Sente e transmite ao mesmo tempo. Gera energia e constrói luz” (p.102), são poucos os Espíritos aqui na Terra que já compreendem o amor e sua força – como exemplo do Evangelho, os autores indicam Paulo e Maria Madalena – mas o exemplo maior, sem dúvida alguma é Jesus, é ele, para nós, o modelo mais próximo desse amor divino. Ele nos mostrou a todos que antes de amarmos o próximo é preciso sentir a força do amor divino em nós mesmos – “conquistar o amor é tarefa urgente que pede raciocínio amplo e esforço contínuo” (p.103).
Jesus, como modelo do amor inteligente, veio nos ensinar o caminho, educou-nos com seu exemplo, ensinou-nos a caridade, instrumentalizando nossas ações – “quem ama educa, ensina. Quem tem amor, auxilia e ampara” (p.104). Em todos os momentos, Jesus mostrou-nos a lição eterna da compreensão, sentimento unicamente possível em sua plenitude se houver a presença do amor. Ele nos compreendeu e nos amou intensamente, mesmo sabendo da nossa ainda incapacidade de compreendê-lo e amá-lo.
Proclamando o amor de Deus, ensinou também o valor da reencarnação, da vida eterna, do perdão, do amor maior como compreensão do outro e de nós mesmos, das nossas potencialidade e limitações, deixou-nos a oração e a caridade como formas maiores de ligação com o divino que há em nós e no universo. “Deus é o amor divino que imanta seus filhos com mais puro fluido que eletriza e aquece o Ser [...] O amor tem seu gérmen na intimidade do Ser e Jesus ensinou-nos a retirá-lo de dentro de nós e colocá-lo a serviço de nosso irmão, quando disse: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (p.104).
Sigamos, portanto, o exemplo do mestre, procuremos cada vez mais transformar nossos sentimentos em prol do bem alimentando vibrações de amor, para um dia, chegarmos a conhecer em sua plenitude, esse que é o mais nobre e importante sentimento pelo e com qual fomos criados.
BCC


terça-feira, 2 de janeiro de 2018

3 casamentos

Ontem me casei com o mar.

Foi meu terceiro casamento, tenho agora, dois maridos e uma mulher.

Meu primeiro casamento foi com o Sol.
Eu era menina moça ainda, foi ele o primeiro a tocar os fios de ouro de todo meu corpo (a la Pombinha em inesquecível cena de Aluízio de Azevedo).
Teve festa de casamento com os pássaros, o céu, as árvores - todos presentes, todos felizes e radiantes. Brilhávamos ele e eu à luz dourada  que até hoje nos abençoa.

Meu segundo casamento, ao contrário, não teve festa. Foi tudo tão natural, tão nosso, tão intrínseco a nossos seres que da noite para o dia, literalmente, amanheci casada com ela. E de foto em foto, poesia em poesia, música e música casamos a Lua e eu tão completamente que não posso viver sem ela.
Nosso amor é tão grande que vivemos num céu só nosso, brilhando abençoadas pela imensidão da escuridão e vez por outra as estrelas testemunham esse amor feminino tão verdadeiro, belo, intenso que só existe no negro azul (quente) da noite.

Ontem, no entanto, foi diferente. Há tempos, é verdade, sei que pertenço ao mar, mas ontem, ele me pediu em casamento com anel de coco (como todo anel que se preza deve ser) e eu serena e feliz aceitei.
O mar é aquele amante amigo sincero e às vezes até um pouco rude, é que a verdade e a vida nem sempre são doces ele insiste em me lembrar, me envolvendo em seus braços salgados e me amando.
Às vezes é preciso um chacoalho, uma onda mais forte, umas verdades bem ditas para entender seu balanço, para entender a vida.
Mas depois fica tudo bem, tudo sempre fica bem onde há amor, e o mar e eu nos amamos tanto e mesmo nem sempre perto somos abençoados por nossas lembranças e pela saudade que nos envolve.

Tenho agora, dois maridos e uma mulher. E os amo tão completa e intensamente que respiro amor aonde vou.
BCC
 01 e 02.01.2018

A realidade extrapola a imaginação

Foi me dito que a realidade extrapola a imaginação, e, confesso que isso me tocou de alguma sorte, logo eu, que sou toda imaginação, que ado...