sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Fragmentos IV


III.

Às vezes batia um vazio repleto de sentimentos em meu peito.
Era uma sensação estranha, como se eu amasse sem alguém para amar, como se sentisse saudades sem saber de quem.
Eu tinha muito amor, é verdade, amor pela vida, pela natureza, pela arte, pela poesia. O amor inundava minha alma e me elevava aos céus. Ainda assim, às vezes, o vazio passava por aqui, não permanecia por muito tempo, mas ficava o suficiente para me inquietar.
Eu sabia sentir o amor de outras pessoas, o amor inventado, escrito, cantado, mas será que não havia um amor para mim?
Tudo é amor, dizia minha alma me lembrando do quão privilegiada eu era. Eu sei, lhe respondia, sei e sou infinitamente grata em ser quem sou, em viver como vivo, com quem vivo.
De quando em vez, no entanto, a pergunta sem resposta voltava e meu coração desassossegava: será que não havia um amor para mim?
BCC

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