sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Rosas - parte I



Um título e nada mais. Rosas – o que significa? O que representa? Rosas, a resposta de todas as perguntas, até mesmo a da mais difícil.

Foi em novembro que ele se mudou. Sua mulher recebera uma ótima proposta de emprego em uma cidadezinha onde o sol se demora mais. Ele, como não trabalhava em nada fixo, acompanhou-a.

A cidade era um ovo, não se tinha muito o que fazer por lá, talvez por isso as pessoas fossem calmas, serenas, do bem. Era um lugar ideal para descansar, refletir, repousar. O sol sabia disso e por esse motivo, depois de iluminar o mundo todinho, gastava um tempo maior ali, distribuindo seu brilho as pessoas, as casas e as plantas. E como havia plantas ali, flores principalmente; eram as mais belas e exóticas que existiam, estavam em todos os lugares, não havia uma casa que não tivesse jardim, uns mais belos que os outros.

A casa deles não era exceção, tinham-na alugado de uma velhinha que morava ali por perto. Ela havia construído a casa para seu filho, mas o rapaz não aguentou passar o resto de sua vida no paraíso.

Ele adorara o novo lar, a simplicidade lhe fazia bem, sentiu, desde o início, que ali realmente poderia respirar e viver em paz. A mulher ia para o trabalho antes do sol chegar e voltava depois se sua partida. Pobre coitada, pensava ele intimamente, ela perdia a dádiva de aproveitar aquele brilho tão maravilhoso e confidente. O sol ali era amigo de todos, ele escolhera aquele lugar, aquela gente para passar um tempinho a mais.

Todos os dias o homem acordava com a luz vinda do céu que penetrava pela janela e iluminava seu rosto dando-lhe bom dia, ele respondia, se levantava, comia algo e saía a caminhar. Buscava inspiração, se bem que naquele lugar, ele não precisava nem a buscar, ela vinha como que com o ar.

Ele era um artista, pintava e escrevia, escrevia e pintava. Tudo dependia do momento, da ideia, das cores do dia. Desde que chegara o mais que conseguira fazer fora pintar dois quadros. A inspiração ali era tanta que ele quase se afogava nela, precisava usar a razão para canalizá-la e poder trabalhar.

Continua...

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