O mundo tem andado tão estranho nos últimos tempos, agora especialmente
por causa dela e de sua ausência em meu mundo, mas não só por isso, não só de agora.
É uma sensação estranha que parece rondar a atmosfera, tudo tem
sido pesado na energia da terra, mas o mundo não parou de rodar, as pessoas continuam,
estabelecem novas rotinas que se tornam tudo aquilo que conhecem, não sem certa
melancolia, mas o que foi, foi e não volta mais, há muitos que podem dizer isso
melhor do que eu e que sofreram e estão sofrendo dores inenarráveis.
Mas o mundo, o meu mundo, ou a forma que eu estou enxergando,
tem me sido muito estranho, hoje, a tarde vazia e mítica comprovou minha sensação.
O sol queimava forte a tarde seca e quente de inverno, as crianças brincavam no
parque integradas, quando num momento qualquer, o céu fechou, as nuvens cobriram
o astro rei e um tom cinza tomou conta do ambiente, coincidência ou não, as crianças
murcharam. Pareciam ter se cansado, se dispersaram do grupo alegre e ruidoso de
segundos antes e silenciaram, cada uma foi brincar de um lado, ficaram meio sem saber
o que fazer, a mercê.
É exatamente assim, que tenho me sentido às vezes, neste mundo
estranho, em que tudo parece estranhamente bem, sem no entanto, nada estar em ordem.
É como se estivesse no parque no sol, com amigos e de repente, olhasse para mim
ali e não soubesse mais o que fazer.
Como se a tarde de inverno fosse seca e quente e vazia e eu sentisse
falta da chuva.