sábado, 24 de fevereiro de 2018


A grande sacada é essa conexão intrínseca entre o eu e outro. Não é um desafio amar o outro como a si mesmo. É uma realidade. Estamos todos tão intimamente ligados. Fazer bem ao próximo é fazer bem a si mesmo e vice-versa. O problema é a nossa não compreensão dessa realidade que se faz presente, para nós, apenas em pequenos momentos. Ainda bem que, pelo menos, existem esses momentos.
BCC

Ela é linda e sabe disso


Ela é linda e sabe disso. Tem em si uma sensualidade à flor da pele que exala frescor e vida por onde passa. Seu sorriso é lindo, seus ideais são os melhores,ao vê-la sente-se a vontade de tirar os sapatos, de pisar com pé no chão, de sentar como criança com as pernas para cima e dançar ao som do vento.

Ela é linda e sabe disso, sorri sem medo, mostrando a alma devagar, sem pressa aproveitando o instante em que a vida acontece.
BCC
24.02.2018

domingo, 18 de fevereiro de 2018

O velho vestido azul desbotado


O velho vestido azul desbotado era um de seus preferidos, mas estava tão surrado pelo tempo que ela apenas o usava em casa ou numa volta até a esquina...

Havia o comprado há anos numa loja de roupas indianas, dessas que existem nos populares centros de comércio das grandes cidades. Era lindo ele, caía perfeitamente em seu corpo de menina mulher, ela ainda gosta muito, usa-o agora mais livremente, às vezes sem nada por baixo.

E numa preguiçosa tarde de domingo cinzento, ela está deitada com ele depois de ler e de entrar, com o celular, em outra realidade, realidade de gente que existe, mas que parece não existir, não aqui não agora... depois de imaginar histórias inspiradas na trama fantasiosa de sua leitura, ela olha para o silêncio do quarto e o vê a ele, o vestido azul desbotado que ela tanto gosta.

Por que não olhar para ele de um jeito novo? Ela sempre gostou de experimentar novas visões, novos pontos de vista, olhou-o através da câmera e gostou do que viu, gostou do velho vestido azul desbotado em seu corpo, na lente de sua câmera, nas palavras de seu texto.
BCC 
18.02.2017

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Fragmentos IV


III.

Às vezes batia um vazio repleto de sentimentos em meu peito.
Era uma sensação estranha, como se eu amasse sem alguém para amar, como se sentisse saudades sem saber de quem.
Eu tinha muito amor, é verdade, amor pela vida, pela natureza, pela arte, pela poesia. O amor inundava minha alma e me elevava aos céus. Ainda assim, às vezes, o vazio passava por aqui, não permanecia por muito tempo, mas ficava o suficiente para me inquietar.
Eu sabia sentir o amor de outras pessoas, o amor inventado, escrito, cantado, mas será que não havia um amor para mim?
Tudo é amor, dizia minha alma me lembrando do quão privilegiada eu era. Eu sei, lhe respondia, sei e sou infinitamente grata em ser quem sou, em viver como vivo, com quem vivo.
De quando em vez, no entanto, a pergunta sem resposta voltava e meu coração desassossegava: será que não havia um amor para mim?
BCC

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Fragmentos III


Não tinha dúvidas no meu mundo. Eu sabia o que era, o que queria.
Mas quando saía dele, quando ia para o outro lado mesmo que por instantes, as perguntas invadiam minha mente, e então, eu pensava sobre elas, pensava, pensava até me afogar nos meus próprios pensamentos.
Eu tinha então de voltar para o meu mundo, tinha de respirar, tinha de salvar-me de mim mesma.

BCC

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Fragmentos II


I.

Ele era delicado, característica que poucos admiram e muitos julgam negativamente. Mas a mim isso não incomodava, pelo contrário eu apreciava muito seu jeito, é claro que entre nós não poderia ocorrer nada além de um beijo, e não aconteceu.

Ele era especial, porém, não por esse ou por outro motivo, mas porque gostava da arte e mais do que isso a entendia.

Entendia, assim a mim, privilégio esse, concebido a poucos.

Muitas vezes eu mostrava para ele meus escritos, muitas vezes cantávamos e dançávamos juntos.

Sim, ele era especial, conseguia enxergar o que muitos não conseguiam, o que eu mesma não conseguia.

Conseguia enxergar, enxergar o meu coração.
BCC

Continua...

A realidade extrapola a imaginação

Foi me dito que a realidade extrapola a imaginação, e, confesso que isso me tocou de alguma sorte, logo eu, que sou toda imaginação, que ado...