segunda-feira, 18 de março de 2024

Vidas passadas



Eu não pude deixar de olhar para você, foi num ínfimo de segundo que nossos olhares se cruzaram e eu me vi ao invés de te ver, vi o que seus olhos viram, me vi sorrindo de leve, com olhos cheios de recém morridas lágrimas, saí acabada do cinema, sabia que seria assim, algo semelhante à isso, sabia a dor que ia sofrer e fui mesmo assim, fui porque precisava ver outra história como a minha, outras vidas que estando juntas não estão, qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência, embora as histórias sejam muito diferentes, há um passarinho que pousa num galho em comum, há todo esse sentimento gigante que não se sabe o que fazer, um amor que fica no ar, meio perdido, sem rumo, mas que ainda assim é amor, e para sempre vai ser, não para essa vida, é verdade, para um futuro ou do passado, quem sabe... saber é um verbo tão difícil quanto amar, embora amar, ah, amar em si é fácil, o difícil é saber, é o não saber.

Pois assim sem saber, te vi e precisei te olhar, uma questão de respeito talvez, um respeito entre almas, quando passei mais cedo, você dormia na marquise da loja, agora de noite, você estava deitado no mesmo lugar, mas acordado, estava como relaxado, não fosse a crueldade do mundo, diria que estava tranquilo, e foi ali que te olhei, te olhei porque não podia te ignorar, te olhei porque você é, assim como eu sou, e você também me olhou, mas com as lágrimas recém caídas, com o coração em oceano, você me fez ver a mim, me foi espelho, e houve ali algo para mim, te abençoei, porque gosto de abençoar, porque eu mesma precisava de bênçãos. 

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