quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Rosas - parte III


Olhou mais adiante e não conseguiu acreditar no que via, era perfeito, não, eram perfeitas. Eram rosas, as mais belas que ele já vira, grandes, graúdas com uma cor que ainda não existia, uma mistura de salmão com cor de rosa. Lindas, elegantes, encantadoras, suaves e poderosas ao mesmo tempo.

Foi amor à primeira vista. Ele se apaixonou por aquelas criaturas tão frágeis e tão fortes que conseguiram crescer dentro daquele lugar pequenino com tão pouca terra. Ele não sabia como elas foram nascer ali, mas também não importava, já as amava com tanta intensidade que era capaz de fazer loucuras para que elas continuassem a fazer do mundo um lugar mais belo.

Ficou contemplando-as até o anoitecer, quando se despediu e foi para a frente da casa. Sentou em um banco e pôs-se a escrever iluminado por um poste de luz, queria escrever algo para elas, suas amantes (não poderia chamá-las de irmãzinhas, elas eram muito mais). Não conseguiu escrever, as palavras não puderam descrever tal beleza e perfeição.

Entrou em casa, em seguida, sua mulher chegou, ele bem que tentou falar das rosas, mas de novo não pôde, guardá-las-ia só para si.

A partir daquele dia, gastava grande parte de seu tempo com elas, por vezes apenas contemplando-as, outras conversava com elas. Tentou escrever novamente, mas mais uma vez não obteve sucesso, decidiu, pois, que as pintaria. Começou o quadro, mas não conseguia finalizá-lo, sempre encontrava algum defeito, a perfeição em si não podia ser alcançada. Trabalhou, trabalhou por muito tempo, até que por fim deixou-o de lado.


Certa tarde teve uma surpresa...

Continua...

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Rosas - parte II


O primeiro quadro era da sua própria casa e como ficara perfeito, um fiel retrato da linda casa com suas flores nas janelas, na porta, no jardim. O segundo tratava-se de uma cena que ele havia presenciado – mãe e filhos passeando pelas aconchegantes ruazinhas da cidade. A mãe empurrava um carrinho com uma adorável criaturinha sorridente que mais parecia uma boneca. O mais velho andava, pulava e saltitava na frente das duas, deveria ter uns seis anos e como seus olhos e sorriso brilhavam. Ele se encantou com tal cena e tratou de pintá-la nos mais íntimos pormenores.

Além de pintar e escrever, ele também cuidava, agora do jardim. A velhinha, dona da casa, aparecera dois dias depois da sua chegada e lhe ensinara todos os truques de jardinagem. O homem adorava sua nova função, cuidava de suas irmãzinhas (era assim que chamava as flores desde então) com o maior cuidado.

Um dia a tardezinha, ele resolveu ir atrás da casa, lá o sol repousava e aquecia a mesinha e as diversas flores que ali também se encontravam. Sentou e tentou escrever sobre as mais mágicas cenas que lhe enchiam a mente.

Não conseguiu focar sua atenção, a cada momento se distraia com o canto de algum passarinho, com um raio de sol que apontava para uma espécie de celeiro que havia mais aos fundos. Decidiu acompanhá-lo, levantou e seguiu em sua direção, ainda não havia entrado ali, a velhinha lhe dissera que seu filho costumava guardar bugigangas naquela “casinha”.

Abriu a porta de madeira, uma luz intensa atingiu-lhe os olhos, procurou identificar de onde vinha, no teto do lugar havia um buraco por onde o sol entrava, aquele danado estava presente em cada pedacinho de vida da cidadezinha.


Olhou mais adiante e não conseguiu acreditar no que via, era perfeito...

Continua...

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Rosas - parte I



Um título e nada mais. Rosas – o que significa? O que representa? Rosas, a resposta de todas as perguntas, até mesmo a da mais difícil.

Foi em novembro que ele se mudou. Sua mulher recebera uma ótima proposta de emprego em uma cidadezinha onde o sol se demora mais. Ele, como não trabalhava em nada fixo, acompanhou-a.

A cidade era um ovo, não se tinha muito o que fazer por lá, talvez por isso as pessoas fossem calmas, serenas, do bem. Era um lugar ideal para descansar, refletir, repousar. O sol sabia disso e por esse motivo, depois de iluminar o mundo todinho, gastava um tempo maior ali, distribuindo seu brilho as pessoas, as casas e as plantas. E como havia plantas ali, flores principalmente; eram as mais belas e exóticas que existiam, estavam em todos os lugares, não havia uma casa que não tivesse jardim, uns mais belos que os outros.

A casa deles não era exceção, tinham-na alugado de uma velhinha que morava ali por perto. Ela havia construído a casa para seu filho, mas o rapaz não aguentou passar o resto de sua vida no paraíso.

Ele adorara o novo lar, a simplicidade lhe fazia bem, sentiu, desde o início, que ali realmente poderia respirar e viver em paz. A mulher ia para o trabalho antes do sol chegar e voltava depois se sua partida. Pobre coitada, pensava ele intimamente, ela perdia a dádiva de aproveitar aquele brilho tão maravilhoso e confidente. O sol ali era amigo de todos, ele escolhera aquele lugar, aquela gente para passar um tempinho a mais.

Todos os dias o homem acordava com a luz vinda do céu que penetrava pela janela e iluminava seu rosto dando-lhe bom dia, ele respondia, se levantava, comia algo e saía a caminhar. Buscava inspiração, se bem que naquele lugar, ele não precisava nem a buscar, ela vinha como que com o ar.

Ele era um artista, pintava e escrevia, escrevia e pintava. Tudo dependia do momento, da ideia, das cores do dia. Desde que chegara o mais que conseguira fazer fora pintar dois quadros. A inspiração ali era tanta que ele quase se afogava nela, precisava usar a razão para canalizá-la e poder trabalhar.

Continua...

Bom


Dizem, com razão, que o que é bom dura pouco. Na verdade, não é bem uma questão de duração, porque o tempo nada mais é do que ilusão. Ilusão também, pois, achar que o que é bom dura pouco.
Dura o que tem que durar. Mas por ser bom se quer mais, nós sempre queremos mais do que nos faz bem. Seja como for, o bom é bom demais talvez mesmo por ser fugaz.


                                                                                                                                           BCC
                                                                                                                                      05.09.2017

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

O Sonho


O Sonho
                      BCC

Morri! Morri!

Morri da vida. Mas nasci no sonho e que sonho... Era tão belo, tão maravilhoso, sentia-me bem, realizada. O lugar era mágico, poucos o conheciam, apenas quem estava lá o viu, o viu em sonho. O calor do sol aquecia o lugar, as águas refletiam seu brilho. O ar era suave, leve de se respirar. Os poucos ali presentes estavam felizes, sorriam e curtiam. Viviam! Eu também vivia, vivia no meu sonho. As ações não eram claras, mas mesmo assim despertavam sentimentos bons. Uma hora eu mergulhei. Ah! Essa foi a melhor hora, a água aquecida tomou todo meu corpo, mais do que isso tomou minha alma.

Foi ali que nasci.

Foi ali que morri.

Mas não uma morte triste, uma morte alegre, pois havia também nascido. Perdi o que eu era e ganhei o que sou.

Morri!

Morri!

Morri da vida.

E nasci no sonho!

20.05.2008

Baile de carnaval - final


Bia nunca havia pensado em Carol de outra maneira que não fosse profissional, mas gostava muito da chefe, gostava de seu estilo de trabalho, de escrita – ninguém conseguia diferenciar o que escreviam, em termos estéticos e de qualidade literária eram as melhores, se entendiam perfeitamente. Muito embora, Bia nunca tivesse concordado com o estilo de vida da chefe, muito menos com sua maneira ríspida (e pouco ética, em alguns casos) de tratar as pessoas e as situações, ela gostava de Carol, enxergava, de alguma maneira, o ser humano escondido por baixo de todas aquelas camadas de aparência.

E como estavam lindas hoje, o amor faz bem às pessoas às almas e aos corpos – e que corpos – Carol estava com um vestido vermelho com um tom mais fechado, queimado que combinava perfeitamente com sua pele morena e seu lindo cabelo castanho escuro, Bia, mais discreta, mas não menos deslumbrante usava um vestido preto decotado muito elegante que destacava seus belos fios louros, ambas levavam máscara enfeitadas como a de bailes antigos.

Estavam morando juntas há quase um ano e a relação só fazia melhorar, se davam bem em tudo, eram cúmplices na vida e na cama. Bia nunca imaginara que poderia ser tão feliz e realizada com uma mulher, Carol sabia que o sexo podia ser bom, mas nunca havia experimentado o amor nem com homem nem com mulher, Bia foi seu primeiro e único amor de verdade, Carol foi a primeira e única mulher de Bia, juntas ninguém poderia atingi-las, eram apaixonantes e apaixonadas.

Foram para o baile – o primeiro de muitos.

Fim.
BCC

Vidas passadas

Eu não pude deixar de olhar para você, foi num ínfimo de segundo que nossos olhares se cruzaram e eu me vi ao invés de te ver, vi o que seus...