sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Confiança, amizade e amor

Estudo sobre subcapitulo do livro Sentimento: a força do espírito
Quando me pediram para falar sobre a última parte do livro Sentimento: a força do espírito em que estavam os sentimentos de confiança, amizade e amor imediatamente, antes mesmo de ler, me lembrei de Jesus, quem se não ele seria o melhor exemplo desses sentimentos?
Depois de lido, continuei firme na imagem do mestre, queria de alguma forma trazer seu exemplo para retratar esses sentimentos tão belos e nobres, mas não sabia muito bem como fazê-lo, pensei em trazer uma imagem de Jesus e relacioná-la aos sentimentos, ou quem sabe procurar em seu evangelho passagens que retratassem confiança, amizade e amor, mas acabei desistindo dessas ideias – elas não estavam se encaixando com o que eu precisava falar.
O que eu queria e vou tentar fazer é, com base no livro, mostrar como Jesus exemplificou em suas ações e falas a beleza da vivencia desses três sentimentos – é claro que este é um estudo parcial e não poderia ser diferente (não para o momento), não me detive em todo o evangelho, estudando a fundo tudo o que há de importante ali, isto daria um trabalho de anos. Fiz, nesse sentido, escolhas (como sempre fazemos em nossa vida).
Comecemos, pois, pela confiança, o primeiro destes sentimentos que me foi destinado (literalmente!). “A confiança é a conduta que o pensamento impõe pela força do conhecimento” (p.97), sobre essa frase tão curta e objetiva, poderíamos nós escrever um livro. A epígrafe de “O Evangelho segundo o Espiritismo” diz “fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da humanidade”, isto é, o espiritismo preconiza a fé raciocinada. É mister que acreditemos, que confiemos, que tenhamos fé, mas não uma fé cega incapaz de questionar. A medida que conhecemos, mais estrutura temos para confiar, por isso que a confiança é uma conduta de pensamento que existe pela força do conhecimento – “A confiança é uma conquista salutar adquirida pela incorporação dos conteúdos conhecidos como verdade” e mais, “A estrutura básica da confiança está na força do conhecimento” (p.97).
É importante ressaltar essa relação intrínseca entre conhecimento e confiança/fé, porque usualmente se prega que quem acredita ou confia o faz baseado em nada, “confia porque confia” e não porque conhece, isso me remete a uma frase que ouvi já há algum tempo, mas que nunca me esquecerei “pouca filosofia nos afasta de Deus, muita filosofia traz Deus de volta”, ainda que troquemos filosofia por ciência como é a frase original de Louis Pasteur que possivelmente originou a que ouvi, temos o mesmo efeito, isto é, quando conhecemos pouco fica difícil de acreditar de confiar, como pode, por exemplo, haver tanta miséria e crueldade e ainda pregarem um Deus de amor? No entanto, quando nos aprofundamos no estudo, no conhecimento do evangelho quando nos questionamos para além da superfície, percebemos que vale sim acreditar, ter fé – “a confiança oferece segurança ao Espírito, certeza para lutar pelos fins claros e objetivos”, “crer é lutar, é transformar os espaços vazios em formas preenchidas pelo valor dos bons sentimentos. O Espirito só evolui quando confia em Deus, nas suas diretrizes e nas leis que regem a vida. Sem a confiança, o pensamento não pode se definir e nem se direcionar” (p.98).
Mas e Jesus? Como ele entra nesta história de confiança? Ao olharmos atentamente para o novo evangelho, encontramos muitas passagens que ele nos inspira a confiar - nele e em Deus, pai maior que nos criou a todos nós. Não obstante, não é apenas sobre essa inspiração de confiança que gostaria de falar aqui, gostaria de trazê-lo como exemplo desse sentimento, como havia dito anteriormente, Jesus como exemplo de confiança, como Espírito que confia e confiou porque conhece, porque sabe.
Que exemplo maior poderíamos ter de fé e de confiança no Pai maior, no amor divino e na certeza da nossa perfectibilidade do que a de Jesus que encarnou aqui conosco para nos ensinar a amar? Que fé é essa desse Espírito que se conformou num denso corpo material, que veio amar e ensinar e que sofreu tanto por isso? Que fé é essa que sabia de nossa ignorância e que apostou e aposta em nós ainda e sempre? É uma fé de quem sabe. Sabe que o amor divino é a causa de tudo, sabe que assim como ele, somos filhos desse amor e que um dia teremos consciência disso. Jesus é nosso maior exemplo de fé e de sabedoria, ele nos mostrou e nos mostra até hoje o quanto o conhecimento eleva nossa confiança.
O segundo sentimento sobre o qual devo falar é a amizade, quando damos aula para nossas crianças pequenas dizemos a elas que Jesus é nosso irmão mais velho, nosso amigo. Torcemos para que desde pequeninhas elas possam construir essa relação de proximidade com ele, porque muitas vezes não é o que aconteceu com nós adultos – às vezes demoramos muito a entender que Jesus não é uma figura distante, um santo preso em uma cruz, um coitadinho que é apresentado como sofredor, também Jesus não é Deus, já diziam os espíritos a Kardec e a nós outros, “não confundam o criador com sua obra”. Falamos, pois, para os pequenos que Jesus é nosso irmão amigo, e sinceramente é assim que o sinto.  
A amizade é um sentimento em que estão envolvidos “a simpatia e as conquistas da estima, do respeito e da consideração [...] os componentes vibratórios do amor, da sinceridade e da confiança” (p.98).  A amizade “é o resultado de uma convivência ao longo de muitos anos e até mesmo por várias existências [...] nessa relação sempre há o respeito somado à honestidade, uma relação mútua estabelecida com sinceridade e confiança. A amizade pede companheirismo e troca de vibrações, estabelecendo vínculos de amor e de solidariedade” (p.98 /99).
Não há dúvidas aqui de que Jesus foi e sempre será nosso amigo – “O amigo é o irmão que nos aceita como somos e nos alegra com os nobres sentimentos armazenados em seu Espírito” (p.99), Jesus nos concedeu sua amizade ao acreditar em nós despretensiosamente e de forma leal, ao nos aceitar como somos, ao nos amar de forma sincera, ao nos deixar “reservas vibratórias [...] que se transformam em alimento contínuo” (p.99). Em sua amizade (e na amizade de forma geral) “não há falsos interesses e nem sentimento de ciúme que geram cobranças e apego. O amigo direciona para o outro intensas vibrações de amparo e de ajuda” (p.99). Sim, Jesus é nosso amigo, e nós, somos seus amigos? Somos amigos entre nós?
O último e mais belo sentimento é o amor, e, aqui, com toda certeza poderíamos nos deter por muito e muito tempo. As últimas cinco páginas de meu livro que tratam sobre o amor estão praticamente todas grifadas, mais uma vez, portanto, precisei selecionar algumas questões, muito embora todas valham reflexão.
No livro “O Evangelho segundo o Espiritismo” encontramos que o amor resume a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, o amor é, não no sentido vulgar do termo, este que muitas vezes ainda utilizamos, “o sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre humanas” (cap. XI).
Encontramos que o amor é “o que modifica toda estrutura enérgica do Espírito. O amor muda as vibrações mentais, a forma de sentir e perceber o outro. Ninguém cresce sem amar. Só o amor dá o verdadeiro sentido da vida” (p.100). Por meio do amor atraímos luz em nossa consciência que assim se harmoniza cada vez mais com o bem, esse sentimento maior nutre o Espírito de renovadas vibrações e é a “energia imantadora de atração e ligação entre todos os seres da criação” (p. 100).
Todavia, o percurso até que possamos nos sentir alimentados plenamente pelo amor maior é ainda longo para nós, a expansão energética proporcionada por esse nobre sentimento pede tempo e grande esforço. O tempo de se renovar, no entanto, chega para todos mais ou menos rápido de acordo com nossas histórias, experiências, vontade e esforço. O amor verdadeiramente sentido junto com conhecimento íntimo dos princípios que norteiam a vida do Espírito proporcionam a oportunidade de transformação de marcas e erros que, antes, ignorantes, retivemos em nossa memória.
Mas como vencer a sombra sem procurar a luz, nos advertem os autores; “a caridade abre oportunidades construtoras [...] ninguém chega ao amor se não tiver a clarividência de sentir a necessidade do outro, seu irmão” (p.101). Ao vivermos para o amor, renovamos nossas energias, ampliando as vibrações e multiplicando as ações de vontade, dessa forma com inteligência operosa e amor podemos mais facilmente (ainda que com certas dificuldades) chegar ao entendimento da vida e do outro, estabelecendo com ele novos vínculos de afeto e energias positivas, isso nos traz equilíbrio e paz, além de, aumentado o padrão vibratório, podermos nos manter em harmonia, confiança, fé para seguirmos nosso caminho evolutivo.
“O amor é a partícula de Deus que, dia a dia, acontece em nossa intimidade”, é esse sentimento que nos fortalece e que supera a dificuldade das energias doentes, resplandecendo em nossa construção íntima, proporcionando alegria, “viver em plenitude é alcançar os páramos sublimes desse sentimento. Ele varia de Espírito para Espírito, de forma que os atos se transformam no reflexo desse sentimento” (p.102).
“O amor alimenta e liberta. Sustenta e ampara. Sente e transmite ao mesmo tempo. Gera energia e constrói luz” (p.102), são poucos os Espíritos aqui na Terra que já compreendem o amor e sua força – como exemplo do Evangelho, os autores indicam Paulo e Maria Madalena – mas o exemplo maior, sem dúvida alguma é Jesus, é ele, para nós, o modelo mais próximo desse amor divino. Ele nos mostrou a todos que antes de amarmos o próximo é preciso sentir a força do amor divino em nós mesmos – “conquistar o amor é tarefa urgente que pede raciocínio amplo e esforço contínuo” (p.103).
Jesus, como modelo do amor inteligente, veio nos ensinar o caminho, educou-nos com seu exemplo, ensinou-nos a caridade, instrumentalizando nossas ações – “quem ama educa, ensina. Quem tem amor, auxilia e ampara” (p.104). Em todos os momentos, Jesus mostrou-nos a lição eterna da compreensão, sentimento unicamente possível em sua plenitude se houver a presença do amor. Ele nos compreendeu e nos amou intensamente, mesmo sabendo da nossa ainda incapacidade de compreendê-lo e amá-lo.
Proclamando o amor de Deus, ensinou também o valor da reencarnação, da vida eterna, do perdão, do amor maior como compreensão do outro e de nós mesmos, das nossas potencialidade e limitações, deixou-nos a oração e a caridade como formas maiores de ligação com o divino que há em nós e no universo. “Deus é o amor divino que imanta seus filhos com mais puro fluido que eletriza e aquece o Ser [...] O amor tem seu gérmen na intimidade do Ser e Jesus ensinou-nos a retirá-lo de dentro de nós e colocá-lo a serviço de nosso irmão, quando disse: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (p.104).
Sigamos, portanto, o exemplo do mestre, procuremos cada vez mais transformar nossos sentimentos em prol do bem alimentando vibrações de amor, para um dia, chegarmos a conhecer em sua plenitude, esse que é o mais nobre e importante sentimento pelo e com qual fomos criados.
BCC


2 comentários:

  1. Seu blog está cada vez mais lindo e com os mais belos textos!
    Amor & Luz
    Pois o Amor tudo pode ❤

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  2. Own Lu!! Obrigada pelo carinho e pelas leituras!! É muito importante para mim!!
    Amor e luz 🙏🙌♥️

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