sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Fragmentos



“ O sistema de numeração romano é muito bom, não fosse pela ausência do zero. Os romanos não possuíam o sinal para o zero, porque não precisavam representar o nada...”


0.
Eu era tudo o que precisava ser. Reinventava, redefinia coisas com as quais não concordava, eu acreditava em tudo que queria acreditar. Eu era dona da verdade, da minha verdade.
Eu fazia apenas o que desejava, ficava perto do que me agradava.
Eu era feliz.
Eu tinha meu mundo e faziam parte dele apenas quem eu permitisse.
Eu era tudo.
Tudo que eu queria ser:
Eu era a arte
Eu era a poesia
A música
A dança.
Eu era o céu, a noite
A lua
A estrela
Eu era a estrela, a estrela que mais brilhava.



Mas um dia o meu mundo acabou.
Acabou como um momento que jamais voltará.
Acabou como a vida que não acontecerá novamente.
Acabou como uma palavra não dita e que jamais será pronunciada.
E eu sem meu mundo era nada.
Sentia um vazio tão grande
Um vazio que nem mesmo as lágrimas puderam preencher
Eu era nada
Não tinha nada
Foi aí que eu morri.
Morri.
Não havia outra solução
Era uma alma vagando por um mundo que não me pertencia, habitava um corpo que meu espirito não reconhecia, derramava lágrimas que meus olhos não desejavam.
Eu tremia.
Sentia frio, independente de como o mundo estivesse.
Não controlava meus movimentos, minha respiração falhava.
Tudo em mim não era meu.
Eu não tinha nada
Eu nada era.
Meu mundo agora não passava de lembranças
Minha felicidade era passado
A arte nada me dizia
E as estrelas...
Ah, as estrelas não passavam de astros nos céus.

BCC


continua...

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