E agora José?
O sol tímido
chegava ao céu, José já estava acordado há um certo tempo, olhava pela janela.
Ao amanhecer tudo ganhava vida, os passarinhos apareciam com suas canções, as árvores
pareciam mais belas e fortes, o céu clareava-se e o sol iluminava todos que o
permitissem cumprir sua missão. José permitia-o, sempre ao acordar abria a
janela e ficava a observar o sair da noite e o despertar da manhã, como isso o
fazia bem, sentia-se renovado, feliz. Ficava ali até a noite desaparecer por
completo, depois saía.
Descia a
montanha observando a paisagem, mais do que isso, contemplando-a, José se
sentia privilegiado por fazer parte da vida, por estar entre os que podiam
admirar e usufruir da natureza. Por Deus! Como ela era perfeita! Como tudo
funcionava maravilhosamente bem, como tudo se encaixava.
À medida que
caminhava, o sol brilhava mais e como consequência de seu brilho os animais e
as árvores se alegravam e transbordavam felicidade, José não conseguia e nem
queria conter sua alma, sorria, sorria profundamente.
Eram várias as
vezes que parava, algumas, ficava a deslumbrar o céu, observava as formas das
nuvens, as cores que o sol produzia, os pássaros e suas incríveis peripécias, chegava
a ficar um certo tempo absorto por aquele espetáculo. Outras vezes, contemplava
a vista da floresta, aquela imensidão verde formada pelas mais variadas árvores,
eram tão belas, tão majestosas.
José continuava
a caminhar, eram muitos os momentos que desejava abraçar o mundo de uma só vez
para poder sentir tudo o que havia nele. Sua admiração era tão grande que, em
algumas ocasiões, gostaria de sair de seu corpo e se jogar ao vento para assim
estar em todos os lugares e usufruir cada pedacinho da vida. José sabia que
fazia parte daquela maravilhosa sinfonia, achava, porém, tudo tão perfeito que
desejava maior contato com a vida.
Ele continuava
seu caminho, caminhava até chegar a uma pequena vila ao pé da montanha, lá era
recebido com alegria pelas crianças – vinham todas dar-lhe boas vindas com
sorrisos enormes do fundo de suas almas. José amava as crianças e retribuía todo
carinho, ele adorava ficar entre aquelas maravilhosas criaturinhas. As crianças,
sem dúvida, eram seres especiais, pois sabiam viver suas vidas plenamente, conseguiam
tudo que queriam com determinação e alegria e se por acaso algo de inoportuno
lhes ocorresse e lhes magoasse choravam, choravam copiosamente, mas em poucos
minutos esqueciam tudo e estavam de volta a luta com muita alegria e coragem. Faziam
assim como a natureza, que não desperdiça um só minuto a remoer mágoas.
O que incomodava
José, no entanto, é que muitas crianças ao crescerem se esqueciam de viver a
vida, e, ao invés disso, deixavam-na passar por seus olhos como em um filme. Nos
momentos alegres, não vibravam, e, nos de tristeza, tentavam passar com
indiferença – pensavam ser fortes dessa maneira, evitando as lágrimas – mas ser
forte, para José, era viver de verdade tanto a alegria quanto a tristeza,
chorar se necessário, aprender com os erros e seguir em frente. Ele desejava do
fundo de sua alma que as crianças ao adquirirem maturidade não deixassem de
viver verdadeiramente, e, que se por infortúnio do destino ou seu próprio, elas
se esquecem disso que pudessem retomar o caminho da felicidade.
Depois das boas
vindas, as crianças iam para a escola e José, para a pequena biblioteca da vila.
Já havia lido e relido todas as obras, mas não se cansara, pelo contrário,
adorava ler novamente aquelas palavras que juntas se transformavam em
deslumbrantes mundos. Sempre que relia encontrava algo novo, algo que seus
olhos não haviam ainda reparado e se deliciava com a inquietante surpresa.
Ficava ali até a
hora em que as crianças saiam da escola, depois ia para fora, sentava em um
pequeno jardim nos fundos da biblioteca, comia uma fruta e esperava, esperava
aquele lugar se encher de coraçõezinhos curiosos.
Continua
Lindo está histórias amei
ResponderExcluirObrigada Patricia Santos!! Continue visitando o blog, tem muita coisa ainda por vir!! Com amor, B.C.C
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