A Encantadora de Almas
Gueixi era o
nome dela ou pelo menos foi como se apesentou.
José já estava
perto do pé da montanha, estava ansioso para ver as crianças – havia sonhado
com elas – qual foi sua surpresa ao notar que as pequenas criaturinhas não o
esperavam como de costume. José soube que havia algo estranho, tratou, pois, de
procurá-las, encontrou-as perto da escola, todas rodeavam um ser só, um ser que
ele não conseguiu identificar, chegou mais perto, agora dava para ver, ver a
mais bela criatura que existia.
Gueixi era uma
linda oriental de olhos doces e encantadores, vestia-se com as cores da mais bela
borboleta e tinha uma leveza de espírito que lhe permitia voar sem ao menos
tirar os pés da terra, falava calmamente, as palavras eram-lhe suaves e
carinhosas. José encantou-se, como haveria alguém que não se encantasse com
ela?
Logo as crianças
entraram na escola e os dois ficaram a sós, José convidou-a para ir à biblioteca,
foram direto para o jardim dos fundos, ele não se cansava de admirá-la, ali
entre as flores e o verde das plantas ela se tornava ainda mais bela, era como
se fizesse parte de tudo aquilo de uma maneira tão extraordinária que José não
conseguia explicar. Gueixi reluzia, seus olhos, seus negros cabelos brilhavam a
luz do sol e ela parecia dançar em meio tanta beleza, suas roupas coloridas pareciam
um espelho de sua alma, e seus traços refletiam a mais pura arte do criador.
José sentou-se
na grama, Gueixi o acompanhou, ela olhava deslumbrada para todos os lados:
- É lindo aqui!
José sorriu, as
palavras lhe escapavam.
- Você mora na
vila? – Ela perguntou.
- Não, moro no
topo da montanha – respondeu José.
Gueixi levantou-se
para avistar melhor a montanha, admirou-se a tal ponto que pediu a José que lhe
levasse lá, ele concordou, todavia, teria de ser a tarde, pois logo as crianças
chegariam para mais uma história.
Ficaram ali
algumas horas à espera das crianças, José dividiu sua fruta com Gueixi, não
conversaram muito, não precisavam – suas almas pareciam já se conhecerem há
tempos –ambos compartilhavam do amor pela natureza e durante a manhã ficaram a
admirá-la em silêncio, por vezes uma palavra ou outra surgia entre sorrisos e
encantamentos. José também mostrou alguns livros a Gueixi e falou de sua paixão
pelas histórias, a moça ficou curiosa para ouvir uma de suas narrativas.
O tempo passou preguiçosamente
e as crianças chegaram, estavam agitadas, queriam todas sentar ao lado de
Gueixi, tocá-la ver se ela era real. Formou-se um pequeno tumulto que logo se
dissipou, não teria como haver indisposições perto de Gueixi, seu olhar tranquilo,
sua voz doce e sua energia revigorante fazia bem a todos.
José começou:
...
Continua
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