quarta-feira, 21 de março de 2018

Ah!C

Pequeno prólogo

Estou ouvindo, nesses dias, a belíssima música Ilusion escrita por Julieta Venegas e adaptada por Arnaldo Antunes e Marisa Monte, na linda versão cantada por Julieta e Marisa. E lembrei-me desse texto que escrevi há quase três anos e que revisei hoje. Entendedores, entenderão.

Ah! C

Ela sempre exerceu sobre mim uma atração. No início gostava dela porque gostava. Sua voz e sua figura me atraíam de alguma maneira inexplicável.

Sempre que a ouvia aquela sensação de gostar voltava, com o tempo passei a gostar mais – era uma atração estranha, nova, diferente. Foi ela a primeira a povoar a minha imaginação com desejos secretos. Desejos que não sabiam se eram meus. Com ela conversei, passeei, descobri um novo mundo, uma nova forma de ver. Tudo isso em meu coração.

Ela abriu portas para novas histórias e personagens, novas sensações e novos sentimentos. Tudo muito misturado, complexo, irreal. A curiosidade só fez crescer e com ela a busca, a procura, a frustração da imaginação, do mundo fantasioso que tanto ensina, mas que nunca existe.

Como pensar e sentir alguém sem nunca a ter conhecido? Imagina-se, pois, mas até que ponto? Até que ponto a imagem sequer lembra a verdade?

Qual a tua verdade? Me pergunto. Qual a minha verdade?

Ela sempre exerceu sobre mim uma atração. O porquê não saberia dizer. Pode ser que sintam o mesmo em algum lugar, sempre pensamos que o que sentimos é único, mas de uma forma ou de outra sentimos parecido.

E o que sinto por ela não é uma idolatria como a de muitos, sinto vontade de conhecê-la como ser humano, de conversar com ela, olhar em seus olhos, saber se poderíamos ter amizade. Sinto já, de qualquer forma, um grande afeto por ela e não sei muito bem o porquê. Não é um afeto apaixonado pela pessoa que ela é e que não conheço. Sinto um carinho por seu ser por alguma razão que desconheço.

Pode parecer ingenuidade a minha, eu sei, mas gostaria de saber, conhecendo-a, se essa atração e esse carinho tem razão de ser. Não sei se um dia eu hei de descobrir ou se a ilusão irá embora para sempre e apenas a memória de algo que poderia ter sido e não foi restará, pode ser que um dia a conheça e que nada disso seja real, pode ser que nunca chegue de fato a conhecê-la de verdade, e pode ser que...

Não sei, só o tempo dirá, enquanto isso, as dúvidas e o carinho pairam no ar, feito a poesia pensada que arredia não se deixou copiar, que vive solta, voando à espera do momento certo de pousar.

BCC
Dez./2015, revisitado e revisado em Março/2018

2 comentários:

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