segunda-feira, 12 de março de 2018

Chuva


Essa chuva era tudo o que eu precisava. E ela, a chuva, também precisava chover, desesperadamente, ela precisava chover.

E suas gotas vinham de todas as direções e corriam e se trombavam no ar. Nunca havia visto tanta urgência por chover.

Em poucos minutos, tudo que se ouvia era sua voz acompanhada do grito suave e persistente do vento - há tempos que não se encontravam, estavam a pôr a conversa em dia.

Tudo ficou líquido e em movimento, as árvores adoraram, dançavam agradecendo a água que caía do céu, mas a chuva chovia tanto e com tanta urgência que não reparou nelas, não reparou na mulher que estava na piscina, nos homens trabalhando na obra, no cachorro de rua que apressado foi em busca de um abrigo.

Não reparou em mim que olhando da janela com minha alma em mãos me deslumbrava com o espetáculo urgente que de repente se fez como a única realidade .

Como a realidade que faltava. Nada mais existia e tampouco importava, só a chuva que chovia, forte, apressada, intensa, certa de que tinha de chover aqui agora presente como só a natureza pode ser.

BCC
12.03.2018

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