Son(h)o
Olhou o relógio, pelo horário ainda poderia trabalhar
mais. Levantou, checou o dinheiro, ele havia sido generoso. Decidiu que tiraria
a noite para dormir, ou pelo menos tentar. Trancou a porta, vestiu a camisola e
pulou na cama.
Os olhos dele não lhe saiam da cabeça, por mais que
só os tivesse visto por uma fração de segundos, mas... Ah! Ele era especial,
era sim! Não sabia se acreditava nisso, mas não podia não o fazer. Fechou os
olhos, começou a sonhar ainda acordada. E se ele realmente fosse o..., nunca
agiria assim, ou agiria? Iria deixar as dúvidas de lado, agora só queria sonhar.
Dura realidade
O dia já havia amanhecido e anoitecido e a imagem
dele não lhe saía da mente. Mas logo iria. Já era hora de ir para o quarto, o
cliente estava próximo de chegar.
Esperou cerca de quinze minutos até que um homem
gordo e fedido entrou no quarto, estava com um terno todo suado. Seu rosto estava
vermelho e dele pingavam gotas de suor, por um momento ela achou que vomitaria.
O homem tirou a camisa e disse que gostaria de uma
massagem, ela fez tentando não sentir seu mau cheiro. Em seguida, o gordo tirou
a calça e a puxou para seu colo, começou a beijá-la por todo corpo e
finalmente... Ao contrário dele, o homem
não parava de falar, gemer, grunhir. Ela já não aguentava mais, ficou naquele
pesadelo durante cerca de uma hora. O gordo nem para deixar um agradinho a
mais. Odiava esse tipo. Pelo dinheiro, teria que pegar mais um, mas antes um
banho – estava tão enojada.
Depois estava mais relaxada que até pensou em
desistir, mas bateram na porta. Era o Zé Buta, ou ela arranjava mais um ou
passava o quarto. Droga! Alguém lhe havia dedurado. Disse que já sairia e saiu.
Foi para a rua arranjar outro. Que podia fazer? Precisava do dinheiro.
Telefonema
Eram cinco horas da manhã quando finalmente pôde dormir.
Estava esgotada, a noite havia sido... Bem, ela preferia não se lembrar. Eram
sete e meia quando o telefone tocou. Ela não iria atender. Jurava por Deus que
não iria atender.
- Alô?
O silêncio pairava do outro lado. Ham! Mas é claro,
era ele, só poderia ser... O silêncio.
- É você?! Não
é? Eu sei que é você! Olha não desliga, por favor... diz alguma coisa ou não
diz. Só fica comigo, por favor.
Silêncio.
- Fica comigo até eu adormecer...
Novamente o silêncio.
Ela deitou, colocou o telefone na cama ao lado de seu
travesseiro e dormiu, com ele, em silêncio.
Despertar
- Almoça comigo amanhã?
Continua...
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