quinta-feira, 6 de julho de 2017

AMOR - II


Son(h)o
Olhou o relógio, pelo horário ainda poderia trabalhar mais. Levantou, checou o dinheiro, ele havia sido generoso. Decidiu que tiraria a noite para dormir, ou pelo menos tentar. Trancou a porta, vestiu a camisola e pulou na cama.
Os olhos dele não lhe saiam da cabeça, por mais que só os tivesse visto por uma fração de segundos, mas... Ah! Ele era especial, era sim! Não sabia se acreditava nisso, mas não podia não o fazer. Fechou os olhos, começou a sonhar ainda acordada. E se ele realmente fosse o..., nunca agiria assim, ou agiria? Iria deixar as dúvidas de lado, agora só queria sonhar.

Dura realidade
O dia já havia amanhecido e anoitecido e a imagem dele não lhe saía da mente. Mas logo iria. Já era hora de ir para o quarto, o cliente estava próximo de chegar.
Esperou cerca de quinze minutos até que um homem gordo e fedido entrou no quarto, estava com um terno todo suado. Seu rosto estava vermelho e dele pingavam gotas de suor, por um momento ela achou que vomitaria.
O homem tirou a camisa e disse que gostaria de uma massagem, ela fez tentando não sentir seu mau cheiro. Em seguida, o gordo tirou a calça e a puxou para seu colo, começou a beijá-la por todo corpo e finalmente...  Ao contrário dele, o homem não parava de falar, gemer, grunhir. Ela já não aguentava mais, ficou naquele pesadelo durante cerca de uma hora. O gordo nem para deixar um agradinho a mais. Odiava esse tipo. Pelo dinheiro, teria que pegar mais um, mas antes um banho – estava tão enojada.
Depois estava mais relaxada que até pensou em desistir, mas bateram na porta. Era o Zé Buta, ou ela arranjava mais um ou passava o quarto. Droga! Alguém lhe havia dedurado. Disse que já sairia e saiu. Foi para a rua arranjar outro. Que podia fazer? Precisava do dinheiro.

Telefonema
Eram cinco horas da manhã quando finalmente pôde dormir. Estava esgotada, a noite havia sido... Bem, ela preferia não se lembrar. Eram sete e meia quando o telefone tocou. Ela não iria atender. Jurava por Deus que não iria atender.
- Alô?
O silêncio pairava do outro lado. Ham! Mas é claro, era ele, só poderia ser... O silêncio.
- É você?!  Não é? Eu sei que é você! Olha não desliga, por favor... diz alguma coisa ou não diz. Só fica comigo, por favor.
Silêncio.
- Fica comigo até eu adormecer...
Novamente o silêncio.
Ela deitou, colocou o telefone na cama ao lado de seu travesseiro e dormiu, com ele, em silêncio.

Despertar
- Almoça comigo amanhã?

Continua...


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