Enquanto visitava suas
rosas, notou que uma estava machucada. Uma de suas pétalas estava fraca e
parcialmente rachada. Aquela rachadura doeu nele, não entendia como aquilo
havia acontecido, ninguém sabia da existência delas. Como ela havia se
machucado? Ficou decepcionado.
Dali para frente, no
entanto, só teve decepções. Primeiro uma, depois outra, todas aos poucos foram
caminhando para o inevitável. Ele não compreendia, não queria compreender. Será
que faltava amor?
Mas como? Se as amava mais do que tudo. O sol também só as
ajudava, vinha quando necessário e mandava chuva quando tinham sede.
Nesses dias, ele ficou
angustiado, triste, já não apreciava mais a beleza da vida, não podia
compreender que tudo estava perfeitamente certo, não enxergava que a morte está
no destino de todos os seres e que com ela há também o renascimento – de quem
fica e de quem vai.
E aos poucos todas elas
foram. Aquele cantinho que antes era um ninho de amor e alegria, agora
tornara-se um túmulo de tristeza e descrença. Foi ainda por alguns dias até lá,
olhava para o lugar em que elas ficavam e chorava, até que parou de ir.
Coincidência ou não, a
mulher saiu do emprego algum tempo depois. Tinham então de decidir se ficariam
ou partiriam da cidadezinha. Resolveram partir.
Ali, ele havia descoberto
o verdadeiro amor pela vida, havia presenciado a mais singela beleza e a inatingível
perfeição, ali também sofreu a maior decepção de todas, sentiu na pele a
efemeridade do mundo e carregou na alma a tristeza da incompreensão.
Foi embora, foi viver sua
vida sem a magia daquele lugar, sem o encantamento que aprendera a sentir. Os anos
passaram, alguns bons outros nem tanto, mas nenhum mágico como aquele, como o
ano das rosas.
Um dia ...
Continua...
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