segunda-feira, 30 de setembro de 2024

A escola para Artur


Artur me intriga, não o conheço bem, mas algo nele me chama atenção, sua presença ali no quintal, no meio de tanta gente maior que ele, no meio do sol que dá vida mas que teima em arder cada dia mais forte, no meio da terra que acolhe, mas castiga com a secura.

Artur está ali, sempre presente, mas também ausente, sai de perto de seus pares - bebês de um ano e meio, dois -  muitos bebês para poucas professoras - e se arrisca no meio dos grandes, crianças de 4, 5, 6 anos, anda muitas vezes com um cobertor arrastando pelo chão, pela terra, pelas folhas, outras vezes só com sua chupeta, anda no meio de tanta gente sozinho, e no entanto, parece sempre querer um colo.
A escola para Artur parece abrigo - onde um bebê poderia explorar a natureza, a solitude, onde poderia escolher por onde caminhar com liberdade e autonomia?  Mas a escola para Artur também parece carecer de acolhimento, ele que busca um colo aqui, ali, consegue, perde, caminha, explora, segue...

Artur me intriga talvez mesmo porque para mim sua postura seja uma metáfora da vida, a eterna contradição entre presença e ausência, entre liberdade e proteção, entre a viagem e o porto seguro, o caminhar e o colo, o explorar e o abrigo, o sol que ilumina e que também queima.

A escola para Artur

Artur me intriga, não o conheço bem, mas algo nele me chama atenção, sua presença ali no quintal, no meio de tanta gente maior que ele, no m...